13.4.07

bagaceira #6

( desenho de Larissa Marques)


Meu olho esquerdo
Não repare
Não me olhe muito
Pois percebi agora
Que meu olho esquerdo
É enorme
Mais permissivo
Mais revelador
Menos punitivo
Menos constrangedor
Quem me dera tivesse
Dois olhos esquerdos
Para ver apenas um lado
Para perceber melhor os outros
Pois meu olho direito
Só inflama
Só me reprime
Só me engana.


Larissa Marques
www.larissamarques.com

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MULHER, COM ALMA GUERREIRA

Há flores no meu quintal Pois a mim, ninguém as oferta
A bem da verdade,
Nasci no corpo errado...
Sou mulher, com alma guerreira
Vim a esta terra Para lutar como homem...
Pelo sustento da família
Pelo sorriso todo dia
Pela própria harmonia!
Nenhum ramalhete em prol da doçura
me foi doado
Não me foi dada a chance de ser delicada
e frágil
Mas enquanto ninguém descobre a mulher
por trás da armadura de guerreira
Vou pelo mundo, ofertando minhas pétalas ao
passar
E a brincar com o flip-flap das felizes borboletas


que em mim reconhecem o colorido da alma
que só uma verdadeira mulher possui...
o colorido de quem sabe plantar e semear e
colher e desfrutar
das flores de seu próprio jardim!


Caroline Schneider
http://www.monopolio.blogspot.com/

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Dos Presságios.
Eu gosto desse instante que ainda é quando,
Inquietudes em longos passeios pela veia.

Eu acho bonito esse vulcão sustenidoE o gesto contido, porque a alma receia.
Eu sinto na pele a ingenuidade leve
De um apelo percorrendo os pêlos

Caindo dentro como se fosse neve.Eu acho belo o caminho do arrepio
Esse caminho torto por onde espio
Estrelas de pressa florescendo esperas.

Não sei o porquê nem sei se será
Mas a sensação troteando meu peito
É, das coisas sem jeito, a que mais me dirá.

" Rayanne" (Juliana Luisa Brandão)
Http://meucontratempo.blogspot.com

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poema estranho
Se escuta aqui
Que não é assim
Que não é nada assim
Que todo sofrer é ar cênico
Mas é .
Arsênico.


Que não é coisa temporária.
Mas é.
Água sanitária.
Que nem sempre a vida é curta
Mas é.
Cicuta,
Aqui.


Escuta aqui
Escuta esse último movimento


Porque dói.
Dói como veneno
lá dentro.


Czarina das quinquilharias
www.sabedoriadeimproviso.wordpress.com

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ENQUANTO FALO
Enquanto a mão explora
A pele exposta
E contorna a forma firme
Que se mostra...
Enquanto a língua se enrola
Nos pêlos e faz o desenho da trilha
Que vai do umbigo à virilha
E é percorrida pelos dedos
Enquanto os lábios se molham
Na saliva que engulo
E misturo com o sêmen
Que me jorra por dentro...
Você lateja e me beija,
completo e saciado
enquanto na boca guardo
(ainda ereto)
o gosto do falo


Sandra Souza
http://www.feitaemversos.blogspot.com/

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9.4.07

bagaceira #5





Para meu pequeno príncipe...
Os mundos se dobram em sua reverência
Quem é você que caminha triunfante
Rumo às escadarias de seu trono?
Descubro-te novo a cada dia
Sem padrões ou referências
Seu reino é o ócio
O hedonismo é sua coroa
Cultua apenas sua vida
E seu cachimbo esfumaçantes
Seus ombros sustentam
Seu manto e sua loucura
Seu país é seu canto escuro
Seus cafés, seus muros
Não ousam compará-lo
É único, meu dândi...
Ah, meu neurótico reizinho!
Os tambores de meu peito
Ainda clamam por ti
Mas flutua majestoso
Ignorando meu existir
Como ignora seus inimigos
Mas não me importo
Pois somos todos seus súditos
Salve, meu pequeno príncipe!




Poema para meu amigo Otávio Augusto Marin






Sob teus cabelos ruivos
Pousam as borboletas perfeitas
Que a natureza pôde criar
Nos seus olhos mares
Flutuam lúgubres
Os veleiros que hão de naufragar
Passiva e altiva
Dorme em seu leito de pedras
Mas nada te fere
Nada te atinge
Tem uma couraça dura
Que envolve sua essência
E como num entardecer sem lua
Seus cabelos jogam-se
Sobre seu rosto perfeito
É tudo que almejo ser
Sonha, minha cara
Pois a vida ainda te espera
Sonha, que velo por ti.



Para minha querida amiga Caroline Schneider




Caminha só pelo vale
Que já foi meu
Desce seus pensamentos sublimes
Sobre a alva bruma matutina
Mas é pisoteado pela lentidão
Das coisas imóveis
Seus olhos miúdos, atentos ao mundo
Pedem mais que as águas do rio
Trazem mais que as mágoas do martírio
E sedentos fitam o infinito.
Calmo e sereno, o tempo não tem pressa
Mas mesmo com a estática
Da vida interiorana
Alcança a imensidão
Vela altivo as novas que vem de cá
Seus pés trazem a mesma terra vermelha
Que impregnou os meus
São nossas raízes afloradas
Em nossas convicções
Abre sua boca, que já é sol
Em nossa casa.


Para meu amigo Túlio Henrique





Tua música ainda ecoa
Em meu seio
Entreguei-me
Aos teus sons
Soltos, como teus cabelos
Mergulhei em seus olhares
Mar de Copacabana
Num dia ensolarado
Adoro teu sorriso
E essa tua forma
De falar de amor
Tua leveza
Vence minha angústia
Sempre me fará rir
Traz a brisa macia
E boas novas que vêm de lá.


Para meu amigo Leandro Jardim




Laríssima pessoa
Descobri-me ontem
Singularíssima pessoa
Now I sing the song
Laríssima são todos
Singularíssimas pessoas
Laríssima, sou
Laríssima pessoa.


E uma brincadeira minha, para mim mesma

3.4.07

bagaceira #4






Meu olho esquerdo
Não repare
Não me olhe muito
Pois percebi agora
Que meu olho esquerdo
É enorme
Mais permissivo
Mais revelador
Menos punitivo
Menos constrangedor
Quem me dera tivesse
Dois olhos esquerdos
Para ver apenas um lado
Para perceber melhor os outros
Pois meu olho direito
Só inflama
Só me reprime
Só me engana.

*******


As águas como as mágoas
Passeiam pelas anáguas
Das moças da cidade
Que vertem seus olhos
Aos rios que nelas deságuam
As águas como as anáguas
Entregam-se aos igarapés
Encharcam-se de mundo
Mergulham até o fundo
Para voltar à tona
Secam.
As mágoas e as anáguas
Apertam as carnes
Sufocam a alma
Por que tudo que queriam
Era não existir.


***********


Elegias
Cantaram-me poemas doces
Quando meu corpo reluzia jovem
Na vã adolescência, no rubor das faces,
Nos meus falsos pudores, que eram muitos,
E minha alma pobre fazia-se esparsa...
Fizeram odes de amor de primavera
Trovas ao som de bandolins floridos
Tanto carinho a mim cedido
Enquanto eu me bastava,
Que nada disso desejava...
Hoje faço elegias silenciosas
Choro aquele que fui
E que se deixou dizimar
Agora lembranças distorcidas
De um espelho quebrado em mosaicos.


*************


Caídos, entregues
Corpos lutaram
Entre si, não sabe-se
Se por amor, ou pela falta
Tombaram
Esvaídos,
Exaustos,
Quase que sem mote
Entregues à própria sorte
Jaz agora, sós...
Impróprios,
Inoportunos e pobres de si
Doaram-se,
Esqueceram-se,
Ai se fosse só a dor,
Ai se fosse só a morte.


***********

Fotos de todos os locais onde fiz lançamentos no www.latissamarques.com , na sessão fotos.



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